TACITURNIDADE DO TEMPO
Onde estavam todas as flores de minha primavera?
Onde brilhavam todas as estrelas de minhas noites escuras?
De onde viria a calmaria de minhas várias tempestades?
Onde haveria um cais ao meu barco açoitado no mar bravio?
Onde estava a poesia de minhas canções?
Onde se escondia o oásis de meu deserto?
Onde habitava a paz de minhas guerras?
Onde adoçava o mel que este amargurado coração necessitava?
Onde escrevia as respostas de minhas perguntas?
Onde estavam os sonhos de cada adormecer?
Onde encontraria o remédio de minhas feridas?
Onde jorrava a água que saciaria minhas sedes?
Quem sabe essa primavera seria sem flores,
E essa canção já não tivesse mais poesia,
De todas as dores e temores, o tempo era o sal na ferida,
E tudo o que procurava, onde estaria?
Oxalá as respostas fossem flor temporã,
E ouvissem aos clamores de minhas angustias,
Mas nem meu brado fragmentou a taciturnidade do tempo,
Quando seu silêncio era meu castigo.
Mas as estações dão seus frutos na estação própria,
E aos que antecipam por vezes apodrecem sem amadurecer,
E pacientemente eu suportei o tempo para desvendar,
Que minhas procuras se resumiam ao amor que encontrei em você.