De 1920

Minha cabeça é como a Ditadura Militar;

Ela segue perturbada e mesmo com vontade de gritar bem alto;

Não posso me exaltar; tenho de me conter. - Pois, na minha cabeça, só estão eles e no meu pulso muito machucado, também!

Os que me compreendem, dizem que não devo me importar com filhinhos de papai que se achavam malandros e com patricinhas que davam pra geral, mesmo em um período conflituoso.

Outros dizem, que não dá pra voltar atrás e tenho de treinar minha mente para não encher o saco de quem está por perto, mesmo distante!

Sinto-me mongoloide com o gozo debaixo de minhas pernas, mas as poetizas feministas dizem que esse é um modo de se sentir livre e conhecer o corpo.

Sinto minha revolta e meus gritos de lobo se transferindo para minha vontade sexual. - Meus testículos doem e não tenho mais o que fazer a não ser, aliviar a tensão. - Embora, me sinta um nerd babaca que mata no vídeo-game para não matar na vida real, quando o cometo!

Te vejo pelas ruas do Tatuapé tomando café e me olhando com cara de pena. - Nossos olhos não se cruzam com empatia, como era antigamente. - E olha, que o amor não era sincero.

O que eles fizeram comigo, não vai ter volta. - Apenas alguns, sentirão remorso pela falta de abraço. - Os outros seguem suas vidas e estão pouco se fodendo, para o que eu estou sentindo!

Pra mim, eles não mudaram. - Pra eles, eu também não mudei. - Não importa quantos cigarros eu fume, não importa quantas drogas eu use, não importa quantas vezes, eu corto meus pulsos. - Pra eles, sempre serei ingênuo. - Por isso, minha cabeça entra em conflito sempre.

Sou ou, não sou? - Mudei ou, não mudei?

Eu só queria que você me compreendesse antes de achar lindo o fato de eu ter me ferido porque você não está aqui.

Quando você volta para minha casa, é sempre com discussões e acusações infantis. - E além de as palavras mordazes, você se confunde entre ideologia e falta de caráter.

Meu jeito depressivo e minha raiva saltada, te fazem sumir aos poucos da minha vida!

Talvez, os ditadores tenham razão. - Estou velho para me martirizar por eles e por vocês.

Só não alço voo, porque minhas asas estão cheias de sangue violeta! - O que me resta fazer, é conviver sozinho com minhas feridas, com minhas asas sangrentas e, não tentar encontrar respostas para perguntas irrespondíveis. - A verdade nem sempre é libertadora; um dia, as pessoas cansam dela para viver num mundo falso.

E eu, só estou tentando me controlar... - Para não perder minha vida!

O futuro a Deus pertence. - Não sei até quando ainda vou me machucar e, esperando que você volte, mesmo com dois filhos no colo.

Felicidade é só um detalhe. - Quero somente respeito! - São cousas simples, mas ao mesmo tempo complicadas e macambuzias de contar.

Victor Gonçalves
Enviado por Victor Gonçalves em 16/07/2017
Código do texto: T6055717
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