FANTASMA DE AMOR

Acordava e via o seu vulto.

Não descansava o tempo inteiro perto de mim

Pregado nos pequenos espaços do cotidiano

Ao lado do guarda-roupa, nas quinas, no sofá,

na retina, no cheiro

o rosto de uma alma que olho.

Sempre me assombro. Para mim é novidade no repetido.

Aprecio cada detalhe de sua aparição.

Se abro os olhos, lá está o fantasma.

Se fecho-os, ainda mais o olho em sua riqueza de detalhes.

Seu olho é um negro-universo

onde só reluz a estrela de uma lâmpada qualquer.

Obscuridade atraente, apaixonante.

É a aparição do seu olho de fantasma.

Quando via já era noite do dia.

A noite daquele olho já estava comigo

Desde o nascer do sol.

Noite que nunca amanhece, mas me incendeia.

Noite que por não amanhecer, acende.

Acende-me na sua pureza de passarinho.

A noite era o que mais me iluminava.

Queria que ele abrisse e fechasse a noite

De tanto prazer por mim causado.

Eu sou um eterno fã desse vulto que não me abandona.

Por isso tenho asma a cada aparição.

Seu cheiro profundo me mata de fôlego.

É muito sopro para pouca realidade.

Asmas e vultos são a minha vida por causa dele.

Símbolo de pureza tem o meu infante: asma de amor.

T Alves
Enviado por T Alves em 16/07/2017
Código do texto: T6055708
Classificação de conteúdo: seguro