Cama e Mesa...
Vivendo e podando a vida,
Sorrindo com o que não se quer...
Toda a energia se vai se o prazer não vier.
Impingir-se o humanamente impossível
Causa danos desumanos...
Então, em meio à estrada havia um ninho.
Um menino Banbino o vigiava
E me falou dos passarinhos.
Disse pra eu soltar a voz e cortar os nós
As amarras, as peias, pra não me podar mais
E ser livre como eles...
Deixar correr a vida e mandar,
Pra outro lugar, quem assim não pensasse...
Ouvi suas histórias e também suas dores
Era menino crescido, já tinha amores...
Sorri, chorei junto e quando pude
Joguei a minha pouca luz...
Acho que lhe iluminei algum caminho...
Ele sofria um amor mal cuidado...
Devagar, sem que eu desse por mim,
Estava a rir, a brincar
A gostar de ficar assim...
Era um Banbino complexo.
Às vezes coerente,
Outras vezes sem nexo...
Quando dei por mim...Já era tarde...
Ardia no corpo e na alma
Uma chama...
Mas pra mim era dia, era hora
E pra ele era noite e fazia frio...
Que estranho encontro se dava
Era só descompasso...
Ele que me ensinara a soltar o laço...
E dançar a dança nua...
Ele se recolhia e eu de novo
Me podava e sofria...
Era uma música surreal...
Pra ser quem não era teria que ouvir
Seus conflitos e dores...
Era difícil me apresentar como tal
Amiga somente, presente...
Torcer o sentimento, engolir o cansaço...
Esquecer de mim outra vez, e assim,
Sorver o fel como se fora
Doce mel que cura...
Entre dois caminhos
Esquecer é o que podia...
Era estranho saber-me acesa
Para arder inteira, fogueira na rua
Pois queria somente ser dele
Cama e mesa...