O Olhar
O OLHAR
Por Luiz A G Rodas
Como nos acasalamentos
Eu tenho os meus rituais
Tem o rápido e o efêmero
Mas prefiro os habituais
Olhos que vejam além
Daquelas coisas banais
O veloz, ineficiente
Fez o amor adormecer
E a emoção necessária
Sumiu com o anoitecer
Nenhum olhar ou um beijo
Antecedeu ao prazer
A contemplação preliminar
De um amante atento
É conversa afrodisíaca
Pra se atingir o intento
As preferências reveladas
Arrepios, forte fermento
O brilho dos negros olhos
Marcou o encontro primeiro
Nasceu a fiel promessa
De um dedicado romeiro
Agradecido pela luz
Do belo sol rotineiro
Aquele olhar tão sincero
Revelando reciprocidade
Foi um remédio pedido
Curou a infermidade
De um coração abalado
Carente de afinidade
Olhos repousam fechados
Em sinal de oração
É a necessária atitude
Para a boa reflexão
Segundos que enchem o peito
De plena motivação
Mornas lágrimas, sem retoques
Da gratidão de um olhar
Diante de tanto amor
Não consigo disfarçar
Porque feliz eu percebo
Seu coração me agasalhar
E o bem que reconheço
É a mudança por dentro
O olhar me trouxe muitas
Forças, sou epicentro
Os reflexos dos seus olhos
Energias que concentro.