AMOR AO MAR...

Se é verdade que, as mais belas poesias fazemos,

Quando o coração dói, saibas que só tenho a agradecer-te,

Se é preciso dor para que eu volte a mesa e crie, bendita dor!

Criar, arte, ar... Tudo isso nos era comum... Era!

Existem culpados do fim de uma estória de amor?

Quem puder responder-me, cale-se, eu não quero ouvir!

Eu não tenho diálogo, é bem verdade, mas... E tu, sabes dialogar?

Perdoar? Recomeçar? Eu não sei... só sei de mim...

E de mim eu sei que aprendi a viver com a dor de amor, de amar,

Amar, ao mar, dos banhos de fim de tarde que nunca tomamos,

Não por que eu não quis, ou você, eu não sei...

Tudo que eu sei é que eternizei os poucos momentos,

Em uma garrafa de meu Porto predileto, jogada ao mar...

Foi lindo o entardecer que nunca vi ao seu lado...

Foram lindas as peças que nunca vimos,

Foram maravilhosas as noites de amor... estancadas...

Foram... Foram... E nunca mais voltarão!

Assim como a garrafa lembra?

Certamente ela jamais voltará a nós,

A estória mostra isso, amantes não vivem a própria estória de amor,

Somente uma criança brincando a beira mar, ou um velho sentado no Cais talvez, um dia a lerá, quando eu, tu, formos somente... cinzas e pó!

Ah carta de amor que navegas mar de solidões afora,

Leva para bem longe a minha estória de amor que,

Do nada, assim, do nada, virou uma estória de dor,

Tal qual tragédia grega sem autor!

Mas poetas são assim... Não precisam de realidade,

Precisamos de mentiras, ilusões, desilusões,

Para que pereça o corpo de amor, para que doa a alma,

Mas floresça a poesia, como flor, no jardim do amor!

ELIZIO GUSTAVO MIRANDA DOS SANTOS
Enviado por ELIZIO GUSTAVO MIRANDA DOS SANTOS em 10/07/2017
Código do texto: T6050915
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