A ÚLTIMA POESIA
Ó esses versos tristes!
Sim, estes mesmos,
Estes aos quais desprezastes!!
Eles um dia foram versos guerreiros
E já lutaram fortes batalhas.
Até que um dia, vencidos,
Um a um foram mergulhando
Como anjos feridos
Caindo em meio às chamas
Dessa terrível fornalha.
E agora, assim;
Tão calados...
Sofrem em tormento
Cobrando de mim
Promessas de esquecimento
Até que restem apenas cinzas
Do que fui no passado.
Mas, por favor,
Eu a ti peço;
Meiga criança!...
Quando o brilho
Do meu olhar
Pela ultima vez
Se apagar!!
Desse teu poeta
Não tenhas dó!!
Apenas uma cova rasa
Terá por morada
Esse servo da poesia
Findando seus dias
Assim tão só.
Por ultimo desejo
Peço-te somente
Que junto ao meu coração,
Em um papel qualquer;
Talvez até aquele
Em que embrulhaste o derradeiro pão!
Escreva essa ultima poesia
E guarde-a bem dobrada
Por sobre meu peito
Dentro do caixão!!
Quem sabe um dia
A poesia que não floresceu
Nesse mundo maldito,
No qual esse poeta
Um dia nasceu!
Possa ainda se fazer semente
E nascer, crescendo até frutificar,
Que é pra alimentar essa gente
Tão miserável e sem graça
Que só sabe fazer pirraça
E nunca aprendeu a amar.