FRUTO VENENOSO
Diga-me pequena;
Tu sabes onde o amor nasce?!
Responda-me se puder
Bela flor morena!
No meu peito,
O amor que no amanhecer
De um novo dia nasceu;
Foste tu quem o semeaste?!
No meu peito,
O amor que no entardecer
Solitário entristeceu
Definhando até falecer;
Foste tu quem o mataste?!
E foi assim que aconteceu!
Nesse mundo de incertezas
Nunca acreditei no amor!
Mas um Cupido enlouquecido
Quis comigo brincar
E com a ponta de uma flecha
Cravou bem lá fundo
Desse meu peito sofredor
A semente de um sonho
Que em teus olhos eu quis sonhar!
Por isso me tornei lavrador,
E entre todas as sementes de amores
As quais o destino
Em meu peito veio a semear
Apenas de uma fiz-me cuidador.
Mas agora venho a perceber
Que talvez tenha trabalhado em vão!
Pois com cuidado e desvelo
Cuidei pacientemente do grão
Esperando colher um doce fruto
Na palma da minha mão,
No entanto...
Só o que sinto agora
É o terrível desespero
De uma sentida desilusão
No amargo veneno
Que provei dos teus lábios
Antes de tombar ao chão.
E foi assim que o nosso amor morreu!