SAUDADES DO MEU PAI

Ah pai !

Teu dia está próximo.

Quisera dar-te

um abraço como dantes.

Mas tu não estás mais aqui,

partistes na calada da noite,

quando não acreditava que o fizestes.

Cruciei minha adolescência

na saudade imensa de rever-te.

Os anos passaram

..... Eu me tornei adulto.

A vida é assim mesmo pai !

E tu sabes disso

nunca te iludiste

pelas coisas vãs da vida.

Tua filosofia sempre foi plena

e somente os de espírito evoluído

aceitarão a realidade

da sobrevivência humana.

Meu pai ! Se eu pudesse fazer

com que minha voz chegasse a ti.

Ah !!! Como seria feliz .....

O mundo para mim

parece utópico,

não tendo sentido

pela tua ausência.

Mas a vida ensinou-me a ser forte.

Mesmo que a desesperança

esteja comigo a cada instante.

Pai ! Estou só no mundo,

quando partistes, pra cumprires tua missão,

que o destino da morte inevitável

te roubou de mim - fiquei a margem,

faltando-me um grande pedaço deste ser.

Escuta meu pai !

Que o éco de minha voz

na ânsia de poder te sentir

chegue a teu encontro

estejas onde estiveres.

Pois, é teu filho.

Sangue do teu sangue,

semente do amor

que plantastes um dia

no ventre de minha mãe, tua mulher .....

Volta meu pai !

Eu sou teu filho

e mais do que nunca

estou só.

Do Manuscrito: Rosas. Infinitamente Rosas.

Estes versos - teve a colaboração final na sua feitura -

do meu amigo e poeta Adilson de Miranda Beira.

Por volta de algum mes depois de junho de 1969.

tabayara sol e sul
Enviado por tabayara sol e sul em 13/08/2007
Código do texto: T604810