Utópico acordar
Era linda, poesia em dia de chuva, aroma de café e livros, composição na escala de fá, era gemido e gritos;
Sorriso ao vento, cabelo ao sol;
Eu era a esquina, ponto final;
Dia nublado, folha no quintal, voz tímida e rouca, olhar perdido;
Eu era a noite fria, e ela abrigo;
Dois mundos largos, opostos;
Estradas norte e sul;
Sol e lua, Caim e Abel;
Eu era inferno e ela céu;
No lugar caos ela sorriu, e houve paz;
Ninguém dava nada por mim, ela era a maior das certezas;
Eu tinha um jeans velho, ela tinha jeans em gavetas;
Ela sorriu, eu sorri: "Éramos".
Olhares,
Lábios úmidos,
Mãos trêmulas,
Eu suava frio, ela olhava sorrindo;
Dona de si, de mim, do mundo;
Eu que andava perdida só ganhei certeza.
Eu que não acreditava no amor, ela que nunca amou,
Eu que desejava ser amada sem acreditar que pudesse existir, ela que
me ensinou;
Abraços,
Beijos,
Amassos,
Corpos,
Almas,
Lábios e seios,
Línguas e vulcões,
Convulsionava a cada toque;
Viva e vivaz;
Denso e voraz;
Morte ao medo!
Ela
Eu
Eu
Ela
Pronomes e nomes;
Casa, lugar;
Sonho, realidade;
Saudade da voz,
Do toque,
Da "sensação".
Quando eu e ela não só faz sentido como faz sentir ... AMOR!
Em desuso nas relações por parecer utópico.
Utópico, é onde vou morar com ela;
Livros, café, brisa e de "brisa";
Acordar e dormir utopicamente.