MAESTRIA DE UM POEMA
No meio da noite
o maestro ergue a batuta
a reger as dores
fantasmas
de um passado
cansado
O animal em extinção
caminha nas sombras
com a foice das rimas
perdidas em seu
encalço
Partes de ti, das tuas vísceras
tua mente, do teu ser
rondam-me
no sonho enganador
na insônia saudosa
apertando-me o coração
roubando-me oxigênio
para ressuscitar pássaros
de cores saborosas e
eloquentes
Esta herança esquizofrênica
que vagueia entre o ser
e o ansiar, o ter
e o almejar, agir
e comtemplar
rastejar
ou voar,
vomita cores nauseantes
formas ofensivas e
poemas enigmáticos
Caminhos perdidos e viciantes
viciados
becos desesperadores
tuneis sem luz e sem final
O gato mia assustado
com o ruído do vidro
estilhaçado.
Uma parte tua – minério das estrelas
arremessada em minha janela
sei lá por que forças
chega-me sem palavras,
mas significante
porque tudo o que queres
é a Poesia mutilada que
te abrace e
te compreenda.