MEU FAROL
Meu farol, seus olhos, meu farol,
Quando as neblinas das noites turvavam minha visão,
Quando o medo lançava seu véu sobre os sonhos,
E o quarto parecia escuro e vazio.
Pelos caminhos que se confundiam no coração,
Nas antigas indecisões perante as portas fechadas,
Quando a boca cismada evitava as palavras.
O barco estaria perdido no mar,
Tragado pelas correntezas,
Açoitado pelos vendavais,
Mas na escuridão eu vi seus olhos, meu farol.
Meu farol, seus olhos, meu farol,
Quando o menino já não sonhava,
Sufocado no escuro de uma caixa,
Feito casulo sem efeito de metamorfose,
Resgatou-me da escuridão da noite,
Fez-me sentir vivo,
Abriu as portas.
Passo a passo ainda seria um perdido,
Conduzido na penumbra do medo,
Mais próximo do esquecimento,
Mas quando minha luz foi furtada eu vi seus olhos, meu farol.