MEU FAROL

Meu farol, seus olhos, meu farol,

Quando as neblinas das noites turvavam minha visão,

Quando o medo lançava seu véu sobre os sonhos,

E o quarto parecia escuro e vazio.

Pelos caminhos que se confundiam no coração,

Nas antigas indecisões perante as portas fechadas,

Quando a boca cismada evitava as palavras.

O barco estaria perdido no mar,

Tragado pelas correntezas,

Açoitado pelos vendavais,

Mas na escuridão eu vi seus olhos, meu farol.

Meu farol, seus olhos, meu farol,

Quando o menino já não sonhava,

Sufocado no escuro de uma caixa,

Feito casulo sem efeito de metamorfose,

Resgatou-me da escuridão da noite,

Fez-me sentir vivo,

Abriu as portas.

Passo a passo ainda seria um perdido,

Conduzido na penumbra do medo,

Mais próximo do esquecimento,

Mas quando minha luz foi furtada eu vi seus olhos, meu farol.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 25/06/2017
Código do texto: T6037363
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