Despedida
Sigo-me fora do destino
Em passos largos me largo
Em pleno caos me desfaço
Dispersa ao que sinto
Por dentro me perco
Não me julgo e não me culpo
Apenas me desconheço
Hoje o nada espero
Se o abraço vem sincero
Aqueço-me e esqueço
Que a vida no inverno
Tem o seu adereço
Os dias em vão se fartam
Os meus – esvaziam
Não me encontro no duelo
Sem apelo e sem apego
Para o meu desespero.
O amor se perdeu mais cedo
No meu ultimo suspiro
Quero um coma profundo
Alheia aos meus devaneios
Desfaço-me deste enlaço
De um mundo traiçoeiro
Foi-se a inquieta alma
No embalo do seu tempo
Partiu um bem querer.
Nas curvas do vento
A morte não foi julgada
Culpada ou inocente.
Por levar tão de repente
Um admirável inconsequente
Despedaçada estou
Como um vaso que quebrou
Ao descobrir que o boêmio das noites sublimes
Dos palcos da vida / madrugadas sem fim
Era o poeta insano dentro de mim.