Saudade Inóspita
Esta saudade inóspita
que me invade o peito,
quero que ela zarpe pela janela,
em voo perfeito.
Ponho numa pista de pouso,
tudo que me incomoda em decolagem,
tristezas e esta saudade inóspita,
menos a tua miragem.
Pois a tua miragem é o mais perto,
o mais perto que tenho de ti,
as luzes se acendem em linha reta
e vejo tudo que me incomoda partir.
Fico na espera de te ver chegando,
quem sabe numa aterrissagem inesperada,
quem sabe planando, tendo meus braços de destino,
a alma desiludida, se faz loucamente apaixonada.
Concomitantemente sinto esta saudade inóspita,
misturada com a vontade exorbitante de te ver,
vejo a noite escura a tonar o céu sublimemente
e meu coração estarrecido de amor, segue sem entender.
Os grilos fazem uma paródia da música da vida,
o vento sopra gelado e intensamente,
a inibição já não mais me convém
e a saudade inóspita me vem incessantemente.
Lua, vento, noite, pista de pouso,
e a escuridão mais azul a tonar o céu,
e esta saudade que me incomoda a alma,
mais parece a condenação do réu.
Perco o controle e a noção dos fatos,
você é meu planeta e em teu abraço, eu sigo em órbita,
que a tua gravidade nos aproxime repentinamente,
pois não aguento mais esta saudade inóspita.