DIGITAIS DO AMOR
Foi em 19 de junho de 1994.
Que as digitais do amor
Ficaram marcadas.
Num plebiscito da vida
Que o povo negou.
Era apenas um sonho
E que um dia nos tribunais
Por sua gente,
Por sonhar, e fazer acontecer,
Um alto preço pagou.
Foi no pender do sol daquele dia
Que a aflição começou.
A população não vinha
E a mesa se desesperou.
Via-se rostos tristes,
As digitais dos gentis,
Não grafavam pra selar o desejo.
E uma Rosa otimista!
Pôs na almofada por vezes, o seu sonho de amor.
O livro viu que não foi, só uma, digitalizada de amor.
Outros representaram analfabetos,
Homens e mulheres de muito saber
Que não desejavam ver aqui, uma cidade.
Porque sabiam da verdade,
Que toda aquela bondade,
Que o Poleiro um dia deixou,
Sucumbir-se-ia na modernidade,
Mas o desejo da liberdade!
Por amor raiou.
Foi promulgada a Lei.
O plebiscito passou
E com o passar do tempo
A flor desabrochou.
Era um inalar de odor
Da velha política de Caxias
Que o tribunal acionou e
Encontrou as marcas da guerreira
Repetida por dádivas vezes,
Como um grito de liberdade, liberdade!.
Que a São João ludibriou.
Aceitando pagar o preço
Foi processada, mas seu sonho honrou.
Não foi covarde entregando, Outros,
Sozinha perante o juiz,
Pagar por nossos sonhos, aceitou.
Rosilene da Silva Alves
Era a sigla dela.
Uma filha que da luta não fugiu,
Foi por vezes perseguida,
E não reconhecida
Pelo grande favor que fez.
Dedicou sua vida
No ofício de ensinar.
Os gentis desta terra.
Para um dia suas mentes, libertar.
Não ficou na bandeira.
Nem no hino do célebre poeta.
Nem nas praças monumentais.
Nem grafia na parede, nem medalha.
Ficou junta da terra que um dia,
Por ela se entregou.
Esta mãe fiel,
De abraços abertos a recebeu,
E deu tudo o que pôde.
E disse a ela:- Filha querida e amada,
O teu prêmio vem de Deus.
WALTER BERG.
19/06/2017
Uma homenagem ( in memoriam ) a nossa eterna guerreira sotense Rosilene Alves