NOITE APÓS NOITE
Venho de onde os bancos na rua estavam vazios,
E a troca de solidão por felicidade esbarravam na dor,
Onde os sonhos eram nuvens sem forma,
Desejos sem fantasia.
Venho de onde se queria gritar todas as dores,
Mas o coração perdia sua voz,
Limitando os ecos no vácuo de amor,
E as nuvens não choviam.
Venho de onde os olhos queriam enxergar além do véu do horizonte,
Para saber se a carne ainda poderia aguentar,
Seus espinhos sob a pele,
Noite após noite.
Me sentia como um sedento ao sol do meio dia,
Um jardim de gramas surradas e sem flor,
Imerso em oxigênio sem poder respirar,
Segurando um coração diminuído sobre as mãos.
Então nos encontramos andando no escuro,
Calçando sapatos de dor e traumatizados,
Tentando encaixar as esperanças deformadas,
Pelos ventos que ainda sussurravam na memória caída.
A profecia do destino estava chamando,
O medo tentava construir novas gaiolas,
Enquanto a brisa permitia respirar novamente,
E seus beijos matavam minha sede.
Lembrei-me de onde vinha e chorei,
Não foi porque as nuvens derramaram seus prantos em suas tempestades,
Mas porque as noites já estreladas derramam o orvalho nas folhas do jardim,
Regando o coração de serenidade.
Vou para onde o amor conhece a paz,
E o sorriso revela a transbordante alegria da alma,
Porque segurando em suas mãos já não me sinto em perigo,
Porque ao som da sua voz eu levanto minhas tendas e construo um lar.
Venho de onde o lagar espremia o suco amargo,
Mas aqui reconheci o doce de suas palavras,
Onde o movimento de seus braços me segurando ao adormecer,
Fazem a melhor sinfonia até o fim dos tempos.
Encontrei uma fonte ao sol do meio dia,
A grama firmada conheceu entre o verde as cores da flor,
Respirando na paz de seus abraços,
Segurando em suas mãos devolvi ao peito o coração, que novamente em alegria dançou.
No banco daquela rua, você minha companhia,
Meus olhos decoram seu jeito amoroso,
Sentimentos que nenhuma palavra poderia definir,
Pois eu vim de onde venho, mas com você já posso sorrir.