O falso amante
Não acredite em tudo que falo.
Nem leve tão à sério tudo o
Que lhe escrevo, amada. É
De minha natureza, mentir.
Se lhe digo que amo muito é
Claro que exagero, pois eu a
amo muito mais do que tudo
que amo em mim.
Por outro lado, se lhe digo que
Esqueci de amar-te é porque sou
assim. Porque há tempos, querida,
ando assim tão esquecido da verdade.
Me perdoe pelas vezes que falei ter chorado
por ti. Menti. Como sempre faço. Eu choro
apenas por mim. Porque sou egoísta, sabe?
Não quero dividir o teu pranto com ninguém.
Pergunta se estou bem? Talvez eu esteja,
Mas quando indago o mesmo você, não
Estou interessado na resposta. Tu também
poderia fingir que está tudo bem.
Eu saberei que não está, mas direi que nunca
a vi mais linda e feliz. Quem sabe uma mentira
bem contada e pronunciada um milhão de vezes
não a faça, finalmente, acreditar em mim, amada.
Eu sei que poderia viver sem você, mas sou hipócrita!
não confio mais em minhas palavras e, assumindo,
portanto, o que sou direi agora e abertamente a
maior mentira que já lhe contei: eu não amo você!
Autor: Augusto Felipe de Gouvêa e Silva.