O tempo.
O tempo é o senhor de si mesmo,
Ele determina o seu próprio curso,
Não se submete a ninguém,
Não dá satisfação também,
O tempo não tem face,
Nem olhos,
Nem coração,
O tempo nos escraviza a ansiedade,
O tempo nos condiciona a espera desesperada,
Uma espera desesperançada,
O tempo subjuga as minhas ações,
Me limita,
Sou intimidado por este carrasco sem alma,
O tempo então surgiu na espreita,
Na noite escura,
Na rua estreita,
Com ele trouxe tão negros e belos olhos,
Com ele trouxe tão graciosa face de anjo ledo,
E eu, poeta errante,
Com meu coração aos pedaços chorando por amor,
O tempo não teve misericórdia,
Impôs a minha alma o suplício de amar,
Desmedidamente amar sem ser correspondido,
Sentimento de dor.
Amar é ser mesmo livre?
Amar é voar nas asas do vento?
As vezes tenho dúvidas quanto ao amar,
Quanto ao que realmente é o amor,
Este sentimento que é tão antigo,
Que remonta aos poetas mais longínquos,
Que remonta o próprio tempo,
Que sentimento é esse afinal?
Que me domina por inteiro,
Que me faz prisioneiro,
Nas grades de meu próprio peito,
Que sentimento é esse afinal?
Que tem nos teus olhos grandioso poder,
Que tem em tua voz completo domínio,
Eu... Tão fraco e só,
Esperando em um canto qualquer,
Esperando qualquer coisa afinal,
Eu... Poeta das noites em claro,
Com os meus versos de lágrimas,
Espalhados todos ao chão,
Mas sou apenas uma ideia,
Vago pensamento que se vai de repente,
Sou como a sombra passageira,
Sou como a brisa no campo,
Tão suave e pequena,
Que quase não é percebida,
O que na verdade eu sou,
É este poeta com juras de amor eterno,
Mas o que é o amor?
Eu não sei amar,
Verdade é, que nenhum poeta
Jamais aprendeu a amar,
Falamos do amor,
Respiramos o amor,
Poetizam o amor,
Mas não aprendemos a amar.