Ó tu que és anjo tão perfeito,
Ó tu que és anjo tão perfeito,
Mas és também tão anjo humilde;
Não vês o corpo sem defeito
Que tu carregas, desumilde?
As flores sofrem da inveja
Que sentem pobres, sem justiça;
São condenadas por cobiça,
Deus as vê más, e as torneja.
Ó tu que és fada violeta,
Sem se dar conta dos poderes;
Encantas mais que borboleta
E ainda dizes não te veres?
A bailarina dançarina
Não teve a graça que em ti viu;
Ela notou-se pobre e vil,
E abandonou a sapatilha.
Ó tu que és musa sem igual,
Porém te enxergas tão pequena;
Não vês que tu não és normal,
Que és mais que todas no planeta?
O já sem vida do poeta
Não se recorda de figura
Grande que alcance a tua altura;
Vê a própria pena analfabeta.
A planta, a moça, o escritor,
Tua beleza os desfez;
Ainda dizes sem gaguez
Não inspirar em mim amor?!
2/6/2017