Devoção à Poesia

O poeta entrega-se de corpo e alma

Como um amante devotado

Semblante enlevado

Tudo o mais derrete-se e se esvai

Outros prazeres ele recusa

Olhar fixo em sua musa

Bebe os versos como saboroso licor

Sente somente a bruma e o vento

É um encanto, é seu alimento

É adoração, hipnose, canto de sereia

Ele viaja nos sons dessas palavras

Vive emoções antes represadas

Enamorado, o sonhador devora a poesia

Como fosse o melhor dos néctares

Impérios dos mais ricos césares

E ela corresponde, vaidosa e primaveril

Essa emoção perpassa-lhe a pele

Somente a alma a compele

Nada impedirá a realização desse amor

Que invade o sangue de artérias, veias

Que arrebata, explode e incendeia

Eles são perfeitos entre si e se pertencem

Estarão para todo o sempre juntos

Neste e em todos os mundos.