Olhos

Na praça da vida,

No alvo dos olhos ...

Que por tanto tempo perdidos estiveram

De repente

Se encontram, no palco dos sonhos frustrados,

Dos erros, dos enganos, dos fracassos,

Dos passados, que múltiplos, inacabados...

Ainda assim, persistiam em ver,

O que já não se vê, o que já ninguém sente, porque quase todos mentem...

Quase todos...

Os olhos cansados de chorar,

Encharcados de velhas dores, que seja este o fim dos velhos amores,

Mal-amados...

Porque vi nos teus olhos,

Que fitavam os meus,

Os teus e os meus,

Os olhos profundos

Olhos distraídos dos caminhos

Sem intenções primeiras, mas todas tivemos, e temos...

Temos tanto tempo ainda, amor

Vês que temos olhos, amor?

O que podes ver além de toda a dor?

Vês o bom do amor?

Chegar as írises dos olhos que se iluminam

E ofuscam a visão com o clarão de mil estrelas

Mas o amor és cego, amor

Fecha teus olhos e beija a minha boca, amor

Dança comigo mesmo que não haja nenhuma canção,

E se eles nos chamares de loucos, amor

Diga-os que dançamos no ritmo do que toca o coração.