GRILHÕES
Com que angústia tenho levado
meus passos, a caminharem
por este chão um tanto maltratado,
nesses derradeiros momentos
e queria que fossem os últimos
dias, ultimas horas, últimos apenas!
Tento desvencilhar-me dos grilhões,
que há tempos me trazem cativa
nesta prisão hedionda, há milhões
de anos sem qualquer alternativa
na salvação de um afago sincero,
nos olhos do amor que tanto espero!
Estou só sob as nuvens pesadas,
que em breve se tornarão tormenta
nestas terras de dores repassadas
em cores de triste e velha magenta;
leva-me ainda hoje ao descanso
para que seja luz esse meu pranto!
Se tenho de ser só, que seja
no infinito onde minh'alma almeja
o tilintar dos astros
e o viver dos átomos!
Eugênia L.Gaio-21/05/2017