Para André
De olhos atentos,
Mãos cheias de sonhos
Oriundo da cidade quase fictícia
E portador da pequena caixinha de ilusão
Surgiu na minha história,
Intensificando minhas especiarias
Deslocando meu coração,
Dando vida aos cantos frios da casa,
Amolecendo o solo duro do meu peito
E irritando neurônios desavisados
Com seu tom impressionista, nada convidativo.
Por vezes, até penso nele
Sabe-se lá quantas vezes, mas me calo.
Por eternas razões,
Calo o Moreno que habita em mim,
Porém, por pouco tempo,
Ele tem tanto excesso de vida que quase chega de disco voador,
Tem beleza e muito riso
Que convivem com seu timbre de saudade,
Conforta-me, esse timbre.
Pois é a unica coisa que tenho dele:
O timbre e sua atenção por alguns minutos.
Isso basta,
Basta pra eu saber,
Da inconstância de nossas vidas
E em cada cannabis que compartilhamos
Existe um sopro divino comum
Somos assim:
Centelha e veneno,
Distância e afeto
Imaterial e rastros de vozes