DEVORANDO-SE EM DESEJO
Brilham, meus olhos brilham como se fosse a última noite de todas as constelações,
O coração ocupa algum espaço próximo a garganta, e somem as definições,
Quem pode descrever a paz em meio aos ventos que conduzem a alma nesses desejos,
Uma sede que sequer pode ser saciada e quanto mais mergulha mais se quer,
Pássaro ao fim da madrugada guardando seu canto ao instante do amanhecer,
Mãos que sentem o vazio longe daquele aconchego,
Pele que se sente nua abaixo da mais linda roupa,
Mas que se veste em seus abraços.
Somos filhos das procuras... e dentre tantas há uma que se aproxima à luz do outono,
É aquela que após os amargores dos equívocos açucara o físico e as emoções
Que se derrete sobre os lábios e infunde na pele ao sentir sua essência,
E os olhos já não são portas de ferro trancadas, mas um caminho de flores que conduz ao limite da alma,
E procuramos entre músicas e poemas, a expressão deste sentimento de mil faces,
Mas como definir a figura desde pós pesadelo que revelou um novo amanhecer,
É fogo sem queimar, é água sem afogar, é luz que desperta, é breu que faz descansar,
Somos conhecidos das tormentas e herdeiros das bênçãos, somos alvos da flecha do inesperado amor.
Brilham, meus olhos brilham como se você fosse o destinado do universo,
E na parede dos sonhos o ser vibra ao ser tocado por uma melodia jamais ouvida,
E o único desespero é não saber definir em palavras todas as sensações,
Que por si são a paz, longe das tentativas frustradas das definições,
São braços constantemente querendo abraçar,
São lábios repetidamente desejando beijar,
É a pele devorando-se em seu desejo de enroscar-se ao seu calor,
É chama que não consome e mais forte deseja inflamar.