ABOLIÇÃO (13 DE MAIO DE 1888)

Solitário adentra triste, pensativo

pela floresta; pobre plebeu...qual o motivo

da ingratidão do mundo, ao destino seu?...

Pensa, como seria diferente se sua princesa

não fosse presa de sua própria realeza;

e viver pudesse o amor que lhe oferece, seu pobre plebeu!...

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Voam livres os pássaros, da floresta pela imensidão!...

Livre é o rio; livre é o vento sem rumo certo, sem direção...

Porém o destino, liberdade para amar, não lhes concedeu...

Pois vive ela em palácio, pela nobreza, cercada...

Ah...como quisera, pela riqueza, não ser aprisionada;

e viver o amor (seu maior valor) do pobre plebeu!...

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Almas generosas que ao Imperador devem lealdade;

à triste princesa, em segredos, são coniventes em cumplicidade

(pois sabem que ninguém, algo mais lindo que o amor; jamais conheceu)...

"Vá princesa" - dizem eles; "rompe essa barreira, rompe essa muralha;

que exige a realeza ; e que a beleza de viver o amor; só vos atrapalha;

como ave livre; os rios; os ventos; entrega-te aos sentimentos desse teu plebeu!"...

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"Amo-te" - diz ela; "embora, tenho que ser breve;

sabes que por força maior; filha de imperador, não deve

desobedecer ordens superiores...meu Deus...que horror!"...

Oferece-lhe os lábios de morango; seio palpitante;

de repente, dois corpos se transformam em um, naquele instante:

o amor, concedeu à princesa e plebeu...O AUTOR DO AMOR!...

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"Antes que te vá" - diz ele; "eu necessito pedir-te, um favor:

há bem longe do palácio e de toda a riqueza; um povo sofredor;

pede ao "todo poderoso" teu pai, que olhe a realidade crua e dura

desse povo humilde do qual os poderosos vivem ( e muito) às custas;

e que é castigado por "leis" arbitrárias, desumanas e injustas;

os erros, por eles cometidos; são terem nascidos com a pele escura!"...

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Amo-te" - diz ela; "embora, tenho que ser breve;

livre para amar-te, não sou; porém meu coração se atreve!...

E mais me atreverei, pois sei que meu pai, dos nobres é o menos tirano...

Sei que um dia há de entender o imenso amor que por ti, me invade;

e me concederá de amar-te a tão sonhada liberdade;

e da escravidão a soltura; de teu povo de pele escura...pois ele é humano!"...

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Volta ao palácio a linda princesa

prisioneira de sua realeza!...

Não será seu pai contrário às suas vontades e destino seu;

pois, é dos nobres, o menos tirano...

Ao povo sofrido, dará liberdade, pois também, é humano;

fim da escravatura; fim da amargura de não poder casar-se com o seu plebeu!...

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No alto dos céus há um Ser Supremo que se chama Deus;

e que não impõe distinções entre os filhos seus...

Fez com que o Imperador decretasse o fim do horror;

decretou o fim da escravatura do povo de pele escura;

e com o plebeu, deu consentimento para o casamento

à filha querida, por ordem DO AUTOR DA VIDA; O AUTOR DO AMOR!...

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(GERALDO COELHO ZACARIAS)

Coelho Zacarias
Enviado por Coelho Zacarias em 13/05/2017
Código do texto: T5997622
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