Era a sereia do mar dos piratas

Era a sereia do mar dos piratas

Que já sabia quem era a mais linda;

Mais que uma deusa ou rainha das fadas,

Era a real, existente, melinda.

Com seu espelho, morria de inveja;

Como uma humana podia ser mais?

Nunca seria tão linda quanto ela,

Não poderia encontrar sua paz.

Foi, certa vez, ter com Mãe Natureza

P'ra reclamar de tamanha injustiça;

Inaceitável era haver no planeta

Alguma moça que fosse tão linda!

O que seria dos pobres pintores

Vendo as mulheres dos quadros menores?

Oh, coitadinhos são os escultores,

Que tão à toa gastaram suores.

Mas mais sofridos são tristes poetas

Vendo que as musas não eram mais belas,

Tolos, a sós, morrerão mal, patetas,

Tudo apenas por causa daquela.

Mãe Natureza, então vai, faz o certo,

Isso é o melhor as belas divinas,

Faz da menina algum ser mais modesto

Que não consiga afetar nossas vidas!

Mãe Natureza, entendo o perigo,

Foi ter coa moça e seu rosto mudar,

Mas, ao notá-la, pensou bem consigo,

Os seus poderes não iam bastar.

Mãe Natureza montava aparência,

De coisa interna era Deus, o Supremo,

E a menina era linda na essência,

Não tinha como mudar o seu peito.

Foi ter com Deus explanar o tal caso,

Ele era bom jamais ignorava;

Ó pai, fazei, por favor, logo algo,

Ela é mais linda que as ninfas, que as fadas!

Deus, muito sábio, sorriu-se e disse:

Foi de propósito, qui-la Eu assim!

Diz a sereia, e aos anjos, e às fadas

Que ela é mais bela — até para Mim!

E desde então todos mágicos seres

Buscam ser lindos igual à menina;

Ser como ela é o que querem aqueles

Pois é bonita, bonita, bonita...

12/5/2017

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 12/05/2017
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