A RODA DO TEMPO
Vejo o tempo que passa,
junto ao vento que sopra,
a prata que vem colorir meus cabelos.
Tudo me parece fora de ordem,
enquanto vejo tudo rodando.
Roda o globo dos olhos.
Roda a roda do tempo.
E roda a rosa dos ventos.
Roda a rótula do fêmur
e roda adulterada a rota
irreversível da fêmea.
Rola a lágrima no rosto,
riscando com transparente frieza,
a dor que vai na roda do moinho,
triturar os sonhos mais mesquinhos,
de quem não sabe viver.
Tudo me parece rodando
e fora de seus devidos lugares.
Rola a bola roxa,
induzida pelas pernas frouxas.
Roda os ponteiros desassossegados,
em volta das horas tresloucadas.
Roda a roleta e roda o planeta.
Roda o parafuso no disco voador.
Roda o vinil e a fita k sete.
Roda o mp3 e a fita de cinema.
Roda o mp4 e a hélice atordoada.
Tudo me parece fora de órbita,
enquanto vejo tudo rodando.
Roda o sistema solar.
Roda o ciclo vicioso da vida.
Roda o CD e ainda o DVD.
Só você não consegue enxergar,
que necessito muito de você,
pra que eu volte a viver,
neste mundo que roda, (...), roda e roda.
Mas sem nunca me dar a chance de lhe encontrar.
Nova Serrana (MG), 17 de janeiro de 2008.