Será sempre parcial

Uma parte de mim

é como a nuvem

em penumbra ao relento

e carrega até o fim

raios que vencem

torrentes de pensamento.

Tenho uma margem

que é multidão pungente

e canta o canto decente

de sangue, suor e guerra,

A outra, introspecta,

evapora e cai na terra

como prosa predileta

a entreter-me a pulsação,

rumo, assim, sem direção,

a vida em outra vida

e o fim de uma delas

é o que aguardo, otimista,

numa ilusão desaparecida

em um vendaval de sequelas,

talvez não assista,

queira Deus, às querelas

do eterno protelar,

mas que, se vierem, em salutar

e trôpego caminhar

saiba que não há

mais fibrose a vedar

tamanhas cicatrizes,

onde estavam unidas

todas as despedidas

chegaram horas felizes

elos, últimos, grudados

nos chistes,nas pazes

que fizemos, sedados,

ao som e comando de vozes

e jamais vu sensato,

pendurei meu recato,

rebelde, a declarar,

precoce, talvez, sem olhar,

sem pensar, pulsando ao ar

ondas mentais de amor

e desamarro, sem dor

os nós de minha garganta

a corar sua altivez

que equilibra e quebranta

meu id em voz e vez

castrante e empática

como a ida simbólica

de meu mundo a outro mundo,

em esconderijo profundo

acanhado e errante

levarei seu semblante

no bolso de minha alma

acalenta e acalma

com sua melodia

ou mesmo com açoite

o caos de meu dia

a frieza da minha noite!

Dr Niedson Medeiros
Enviado por Dr Niedson Medeiros em 06/05/2017
Reeditado em 06/05/2017
Código do texto: T5991620
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