ALGUÉM PARTE! ALGUÉM FICA!
ALGUÉM PARTE! ALGUÉM FICA!
Alguém parte!
E quem fica, do cais,
lhe dá adeus!
Deixa em quem fica,
o pranto,
o soluço, a saudade...
Quem parte,
não sabe quando
volta; terá a visão
de mares e céus
por muito tempo,
além da lembrança
de quem fica, crendo
em sua fidelidade.
Alguém que fica,
sabe que a presença
constante em sua
vida, de quem parte,
é uma realidade
difícil de tornar-se
concreta;
mas se contenta,
ora alegre ora triste,
com a visão
sonhadora de estar
com quem parte;
por uns dias,
por uns meses,
por uns anos,
em alguns ilhéus
dispersos pelo mundo,
mesmo que isso
ocorra numa
casualidade da vida,
unindo por algum
tempo (quem parte
e quem fica),
duas almas carentes
de afeto, dois solitários
amorosos eus.
Alguém parte!
Deixa no cais,
mais uma vez,
quem fica, acenando-lhe
com as mãos
trêmulas, com os olhos
lacrimejantes,
com o coração repleto
de saudade emotiva.
Quem sofre mais,
quem sente mais saudade,
quem padece de insônia,
quem parte ou quem fica?
Alguém que parte
também chora; pensa
em largar tudo;
está cansado de só ver
mares e céus;
não suporta mais ficar
tanto tempo ausente
de quem fica;
o cais vai ficando cada
vez mais longe para
quem parte,
mas a saudade por quem
fica continua bem viva.
O tempo passa;
a vida passa;
a mesma saudade
que nutre o amor,
é a mesma que dói
nos corações de quem parte
e de quem fica.
Enfim, quem ficou,
recebe a boa notícia:
quem partiu está prestes
a chegar. Não há
ninguém mais contente
no cais do que esse
alguém que sempre fica.
Eis o momento
tão esperado. O navio
se aproxima do cais.
Quem partiu e chegou,
aparece, e logo vê
quem ficou tanto tempo
lhe esperando.
O navio atraca. Os dois
choram de alegria.
Nada falam. Apenas
se abraçam, se beijam,
se acariciam.
A fidelidade do mútuo
amor ganha mais força,
vitalidade, permanência.
Não há mais quem
parte, nem quem fica.
Para alegria de quem
fica, quem chegou
não vai mais partir.
Vai pra sempre ficar.
Escritor Adilson Fontoura