No ônibus, os versos rasgam
Sentado,
com o iPod ligado,
tentando refletir.
Levanto,
todos me olham,
volto a submergir.
É uma constante,
Todos os olhos voltados para mim.
Apedrejo todos os meus companheiros de vagão com versos que rasgam, o papel. Todos eles são padronizados, uns podem comer mais carboidratos que os outros, mas não variam, a essência é a mesma, constante e retrógrada. Careca, negro, senhoras e estudante, todas suas vidas são infelizes, afinal, os robôs não vivem, são programados.
"Ei, você fará isso."
"Você não tem esse direito."
"Pare de reivindicar algo."
"Calado, não manifeste-se."
"Não reaja."
As sobrevidas patéticas aguardando um advento inevitável. Se o profeta realmente vier, irá nos reunir em comunhão contra o sistema. Os mestres da humanidade só temem uma coisa além da falência: a rebelião das massas.