No ônibus, os versos rasgam

Sentado,

com o iPod ligado,

tentando refletir.

Levanto,

todos me olham,

volto a submergir.

É uma constante,

Todos os olhos voltados para mim.

Apedrejo todos os meus companheiros de vagão com versos que rasgam, o papel. Todos eles são padronizados, uns podem comer mais carboidratos que os outros, mas não variam, a essência é a mesma, constante e retrógrada. Careca, negro, senhoras e estudante, todas suas vidas são infelizes, afinal, os robôs não vivem, são programados.

"Ei, você fará isso."

"Você não tem esse direito."

"Pare de reivindicar algo."

"Calado, não manifeste-se."

"Não reaja."

As sobrevidas patéticas aguardando um advento inevitável. Se o profeta realmente vier, irá nos reunir em comunhão contra o sistema. Os mestres da humanidade só temem uma coisa além da falência: a rebelião das massas.

Marquês de Verona
Enviado por Marquês de Verona em 04/05/2017
Código do texto: T5989717
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