E SE EU ME HUMILHAR?
E se eu me humilhar?
Se eu rasgar, toda a minha indumentária,
e cobrir me todo o corpo, com cinzas,
e sair pelas ruas, me lamuriando?
E se eu ficar de joelhos à sua frente,
se eu beijar os seus pés
e lamber, todos os rastros do seu caminhar?
E se eu fosse um pouco mais além?
Se eu banhasse todo o seu corpo,
com minhas lágrimas,
para depois secá-lo com meus cabelos?
E se eu tragasse da esponja, o vinagre,
que o mundo me oferece na cruz?
Se eu bebesse, todo o fel vivo,
que há no cálice da vida,
você teria um olhar para mim?
E se eu lhe implorar,
por um pouquinho de sua atenção,
provando lhe, que não terei mais,
nenhum instante de vida?
Se eu, à noite, mendigar à sua porta,
debaixo de um forte temporal,
por um pouquinho de alimento,
para a salvação de minh'alma,
você, me atenderia?
Você me entenderia?
E se eu derramasse todo o meu sangue?
Se lhe entregasse em uma bandeja de cristal,
meu coração, ainda palpitando,
de amores por você,
que é tudo em minha vida,
você acreditaria em mim?
Você seria capaz de se tocar?
Teria um pouquinho de sensibilidade?
Você me aceitaria como eu realmente sou?
Você me aceitaria como o seu grande amor?
Francamente, me perdoe, mas, porém,
já não sei mais o que devo fazer,
para ganhar sua confiança e seu amor.
Por isso, minha querida, às vezes,
em minha solidão e profundo abandono,
eu me ponho a perguntar...
E se eu me humilhasse?
Nova Serrana (MG), 14 de outubro de 2011.