Degraus
Levaram o que havia de você em mim,
Tudo o que era possível em seu sorriso,
E deixaram-me amarga.
Levaram o romantismo, o carinho, o delicado,
Deixaram-me sem armas.
Subo a escada,
Desço os degraus,
Escolho o que não me navalha,
O que se desarma,
O que calça em mim...
Verso você sem palavras,
Moribundo-me sobre seu túmulo até morrer.
Não preciso de tempo nem de luto,
Nem da sua doçura nem do seu abuso.
Tirarei tudo o que orna você em minha casa,
Lentamente, debilmente você sai,
Ficarei só na sala, no quarto, nas entrelinhas,
Nas minha histórias que lhe repulsam,
Nas minha horas reclusas,
Em tudo o que sai de mim e se perde em você.