Degraus

Levaram o que havia de você em mim,

Tudo o que era possível em seu sorriso,

E deixaram-me amarga.

Levaram o romantismo, o carinho, o delicado,

Deixaram-me sem armas.

Subo a escada,

Desço os degraus,

Escolho o que não me navalha,

O que se desarma,

O que calça em mim...

Verso você sem palavras,

Moribundo-me sobre seu túmulo até morrer.

Não preciso de tempo nem de luto,

Nem da sua doçura nem do seu abuso.

Tirarei tudo o que orna você em minha casa,

Lentamente, debilmente você sai,

Ficarei só na sala, no quarto, nas entrelinhas,

Nas minha histórias que lhe repulsam,

Nas minha horas reclusas,

Em tudo o que sai de mim e se perde em você.

Rosa Sousa
Enviado por Rosa Sousa em 03/05/2017
Reeditado em 04/09/2017
Código do texto: T5988432
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