Ônibus - 4° ato
*A ordem foi trocada, este é o Terceiro Ato, enquanto o último é para ser lido como Quarto.
Há algum tempo em que pego este ônibus,
que sento no mesmo banco e procuro por você.
Em vão.
Foram os dois atos para ti.
Bebo saudades desde o primeiro verso.
Nunca mais vi sequer deslumbres,
continuei sendo o mesmo.
Sem ser afetado,
até então.
Mentiria se dissesse que estou dividido.
Perdeu.
Não estou mais a sua procura,
ainda olho para a esquerda e para a direita,
para os bancos ao meu lado.
Não te vejo.
Não reconheço.
A verdade é que poderias-tu ser qualquer uma,
há dúzias suas ao meu redor,
em qualquer e todo lugar.
Te esqueci e multipliquei.
Te substitui pela melhor coisa que poderia ter me acontecido.
Ainda há resquícios dos últimos atos,
estou determinado desde o primeiro.
A dizer-te que é bela e admirada.
Que foras um dia,
secreta.
E que agora estou livre dos devaneios.
Ainda não sei se é real ou miragem.
Se criei-te.
Se criei esses poemas para ninguém
ou para o mundo.
Talvez seria melhor se tivesse permanecido
mudo.
De lugar,
de caneta,
crio versos,
transformo poemas.
Substitui algo por uma razão, abstraí o concreto.
Até o próximo ônibus e adeus.