Ônibus - 4° ato

*A ordem foi trocada, este é o Terceiro Ato, enquanto o último é para ser lido como Quarto.

Há algum tempo em que pego este ônibus,

que sento no mesmo banco e procuro por você.

Em vão.

Foram os dois atos para ti.

Bebo saudades desde o primeiro verso.

Nunca mais vi sequer deslumbres,

continuei sendo o mesmo.

Sem ser afetado,

até então.

Mentiria se dissesse que estou dividido.

Perdeu.

Não estou mais a sua procura,

ainda olho para a esquerda e para a direita,

para os bancos ao meu lado.

Não te vejo.

Não reconheço.

A verdade é que poderias-tu ser qualquer uma,

há dúzias suas ao meu redor,

em qualquer e todo lugar.

Te esqueci e multipliquei.

Te substitui pela melhor coisa que poderia ter me acontecido.

Ainda há resquícios dos últimos atos,

estou determinado desde o primeiro.

A dizer-te que é bela e admirada.

Que foras um dia,

secreta.

E que agora estou livre dos devaneios.

Ainda não sei se é real ou miragem.

Se criei-te.

Se criei esses poemas para ninguém

ou para o mundo.

Talvez seria melhor se tivesse permanecido

mudo.

De lugar,

de caneta,

crio versos,

transformo poemas.

Substitui algo por uma razão, abstraí o concreto.

Até o próximo ônibus e adeus.

Marquês de Verona
Enviado por Marquês de Verona em 26/04/2017
Código do texto: T5981804
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