À Musa, com amor...

Ah, se tu pudesses saber

Que na pupila morta desse olho triste

Bem lá no fundo, em esconderijo

Habita um pouco de você

Tu es a lágrima que não ouso chorar

Que abafo em meu peito raso

Taciturnamente, prestes a romper

Como uma bomba não letal

A ferrugem que queima o metal

Até partir e apodrecer

Tu es a lança que corta minha alma

Atravessando cada órgão vital

Sangrando, sangrando com calma

Como o caçador, avidamente, mata o animal

Tu tens poder que desconheces, amada minha

Se queres tu, até o céu escurece e se acanha

Em louvor a sua beleza quase divinal

A lua brilha escondida, para que mais resplandeça

Como diadema, sua graça virginal

Sob os seus pés a relva se curva

Ao afago de sua pele dourada

Até a fera sua ira abranda

Ao suave frescor de sua voz aveludada

Amada minha a quem ousar, não confesso

Sentimento que por ti, embruteço

Em honra a esse pobre que sofre

Guarda em ti meu derradeiro verso

Carol S Antunes
Enviado por Carol S Antunes em 25/04/2017
Reeditado em 15/04/2021
Código do texto: T5981286
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.