Sol um a mar
vem á mim sempre de arrastar;
sentir a poesia te desvencilhar, como mar na rocha, sempre de destroçar, devagar;
amar, esperando fragar o que há de esperar;
poesia vem e te tem, escreve seu corpo nas curvas desenfreadas;
linhas turvas não param de se contorcer como coração que não há de esmorecer;
há o que esvair, os retalhos seus que a poesia te tira, ela não releva, só leva…
morrer é censurar palavras que não saem, escrever desnudar roupas dentro de si;
a poesia te disfarçar, te limpar, te livrar do abismo que vem te visitar;
o sol vem sempre aluir;
deixar o mar te tombar, sem timoneiro pra guiar;
para de nadar para nadar;
vazio é pior sem sentir o escárnio frequente de se esvair;
como me faço mentir, fingir não saber
que ausências doem e se ausentar é chover na seca tão vã
lágrimas caindo, sem se arrastar, afogadas no mar;
não importo se amar é devagar ou de se apressar;
tento me denominar mas não aquento ser;
tento amar sem saber;
só pra virar no final e preencher a ideia vazia de que não sei viver.
Que coração singular - não aguenta se manter, se amar