PARA QUEM NÀO EXISTE MAIS TARDE

Quando a noite desponta

revelando o abismo repleto

o abismo repleto revelando

de seres luminosos e barulhentos,

seres barulhentos e luminosos,

aqui, aonde não é céu, aliás,

é a prisão do céu, tiroteios definem

mudanças de território quando o rei do tráfico,

para quem não existe mais tarde, cruza os ares, abertas as asas negras

as asas negras abertas

de um metal esculpido nos gritos perdidos das galáxias

Agitando a longa cabeleira ruiva, de pontas azuladas,

aquele que não é justo e perdeu a dança,

gargalha dos frágeis humanos

que se arrasam em cumprimento das ordens que o anjo demônio

e seu exército alado de caídos, executam sobre ambiciosos carnívoros.

Além da droga, do crime, das anomalias,

o chefe da queda louva,

no rol das invenções eternizadas,

a motocicleta,

porque só a moto é a asa do Éden

e os anjos adoram os milagres do motor

como eu estrelo o destino

o destino estrelo como

caminhante de uma estrada sem memória

uma estrada sem memória de caminhante,

quando chego em casa depois de um dia

que deixou céu e inferno no esquecimento

porque só importa você

e ainda que venham criaturas da noite

nenhum perigo permanece quando você espera meu amor