Vulto

Era primavera, organizadas as flores se abriam.
Na mesa um caderno, um micro desligado.
Ao lado o retrato dela na praia do arpoador,
Tirado para eternidade, acalanto da ternura.

Na gaveta outro caderno, um grampeador,
Cartões de visita. E um furador...
Trancou a gaveta e pensativo saiu
Olhou a sala; e antes de partir a porta fechou.

Pela rua de casas geminadas se foi
Parou e na porta da igreja pareceu rezar...
O vento arbustos balançava
Calmas as janelas se abriam
Mulheres se confraternizavam...
Contrapondo-se a rebeldia
Que o insensato homem apregoava...

Nobreza do destino fez o menino na vida acreditar
Subiu no disco voador
E falando frases de amor
Desapareceu no ar...
Não sei se era Deus que viera
Outra vez para o planeta salvar.