Libertas Quæ Sera Tamen

Eu enclausurado aqui nesta masmorra;

até que eu morra

hei chorar o amargo pranto do que perdi...

Não a liberdade privada pelos nossos “colonizadores”;

porém as dores

de não mais poder estar perto de ti!...

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Atrevido fui com eles ante à injustiça colonial;

pois o metal

precioso nos roubam pra bem da coroa portuguesa...

Dos homens desta terra roubam o ouro;

porém o maior tesouro,

de mim roubaram...tu, minha maior riqueza!...

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Da terra e das gentes são senhores gananciosos,

poderosos...

À força da mão armada, não há então quem que suporte...

Uma corda em meu pescoço deviam ter posto;

ante ao desgosto

de te perder...prefiro eu então a morte!...

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Ficarei enclausurado aqui nesta masmorra

até que eu morra;

porque aos nossos “colonizadores”cometi agravo...

Lutei por liberdade a toda essa gente injustiçada;

porém amada,

hei de morrer feliz por ser do teu amor, escravo!...

(GERALDO COELHO ZACARIAS)

MARÍLIA DE DIRCEU...

Eu aqui, separado do meu maior valor...

Não, não é o da liberdade ao qual me refiro...

Fui arrancado dos braços do meu grande amor;

e condenado ao degredo neste retiro!...

Sonhei de um povo sofrido, a liberdade!...

Mil vidas eu tivesse, eu as daria!...

Porém, a minha morte (é bem verdade)

é ser privado do amor que foi meu um dia!...

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Lá nos campos eu conheci criatura tão sedutora

a cuidar então das ovelhas da família...

Não tem a deusa afrodite, mais encantadora

atração; do que essa, que é chamada de Marília!...

Trocamos nós dois então doces olhares;

nossas almas se uniram em um tempo breve!...

Disse-me (lançando um doce beijo pelos ares)

"vai, pede-me em casamento e seja breve"!...

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Os lábios de Marília eram em tom rubro;

não sugar a doce essência, me era então cruel!..

Ao recordar doces momentos, então descubro:

não há doçura igual; mais doce mel!...

Porém, no entanto tal qual vespertino crepúsculo;

o dia se "apagou" pra mim, de forma irracional:

condenado por um governo sem escrúpulo;

de Marília, separado fui, por ordem imperial!...

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Foi como se o céu se tornasse então cinzento;

antes do sol, no ocaso então de seu desmaio:

arrancada me fora, Maríia, pra meu grande tormento;

tão veloz como um relâmpago, um forte raio!...

Eu aqui, separado do meu maior valor...

Não, não é o da liberdade ao qual me refiro;

mas, sim, de minha Marília e seu amor;

então com versos doloridos, mais me firo!...

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Sonhei de um povo sofrido, a liberdade!...

Mil vidas eu tivesse, eu as daria!...

Porém, não escapei à minha impunidade:

morri, pois perdi pra sempre a minha Marilia!...

Tu não verás, Marilia, por toda a vida tua,

nada mais sofrido quanto este tão sofrido enredo

de minha história; esta minha sina dolorosa, crua;

condenado a não ter o teu amor...maior degredo!.

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(GERALDO COELHO ZACARIAS)

Coelho Zacarias
Enviado por Coelho Zacarias em 21/04/2017
Código do texto: T5976740
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