Sexto mistério
As horas pingavam
na xícara:
barulho,
lágrimas, assombros.
Nas mãos um rosário
e o novenário
havia iniciado há pouco...
O tempo ia,
a noite vinha,
um calar frio era interrompido
a cada cuspida
do glória ao Deus pregado na cruz
na parede.
A misericórdia era brandada
em cada coração sofrido
e os pingos serenados traziam esperança.
Nas horas
Pingadas
No prato.
Um pranto saído
cuspido
da garganta
como se fosse o canto da acauã...
Entre os dedos
as contadas do rosário
Rezado
Seco
Áspero
Ao deus-madeiro
Enfeite de parede
Há muito tempo pregado
No mesmo espaço.
No coração vazio
a dor da seca do ano inteiro
era esvaída para ser ocupada
Pelos pingos de chuva de ontem, à tarde...
De olhos fechados
Ia sentindo o cheiro de chão molhado
A semente do milho enterrada
No útero da terra insípida
Saliente
Explorada...
Já é tarde,
Os dentes rangidos,
A fome dentro do estômago
Acordado do sonho de fartura
Era conduzido às pressas
A sala de emergência
Uma dormência aguda
O fazia sorrir de espanto! Descansava no delírio do sonho...
Agora era herdeiro
Dos sete palmos tão sonhados.