Quando penso num poema
Quando penso num poema,
Em você,
Num tema,
Vejo as cartas que se vão
Vejo a mim,
Vejo em vão.
Se pensasse num poema,
Nos sonhos,
Nos meus olhos tristonhos
Nas canções atravessadas
E nas melodias nada rimadas
Sentiria que faltam versos
No meu caminhar perverso
Em memórias falhas,
Borradas
Esquecidas
Será que foram vividas?
Quando for o poema,
Sei que estarei ali,
À espera.
Como quando se fecha a primavera:
Período de festa,
Do desabrochar da peça
Há muito não se encena
Pois que ainda não era poema,
Caem-se as máscaras
Calam-se as falas,
Pede-se um tempo,
Um acalento,
Dor e ver desse momento
Um suspirar profundo
De quem se doou e riu,
Quando viu,
O monólogo ruiu.
Encontre-o,
Encontre-se
Cante,
Perca-se.
Supere-se
E não mais espere
Que as estações cheguem
Que o dia acabe,
Que te matem.
Pois que os versos o despertam,
Veja que o fizeram:
Trouxeram o flautista e a amada,
E a calma,
Tão sonhada.