PEDIDOS, QUERERES, EXIGÊNCIAS
Eu te peço silêncio,
não porque desgoste
de sua voz roufenha
e deliciosamente gaguejante.
Eu quero seu silêncio
porque gosto de apreciar o som
limpo, sedutor e agradável
de suas palavras não ditas,
das suas ideias a passear
nos labirínticos caminhos do meu ser,
alcançando algum ponto que desconheço
excitando-me, apaixonando-me ainda mais.
Eu te exijo silêncio porque
necessito falar, às vezes
expor meus sentimentos,
desnudar-me para você.
Mas há momentos em que eu peço
(exijo) que rompa seu silêncio:
grite, xingue, fale-me despudoradamente
exponha-se, sussurre-me deleites
e me dê o infinito prazer
de vê-la – senti-la – toda minha:
mãos, pernas, bocas entrelaçadas
numa cumplicidade ideal, orgiástica
onde o silêncio rompido minutos antes
(necessária e natural ruptura),
cede espaço aos nossos ruidosos afagos,
à nossa ofegante respiração.
Descansaremos, então, calados:
suores e gozos secando nos lençóis
enquanto, lenta e prazenteiramente,
retornamos à tranquilidade silenciosa.
*Publicado no livro "Poemar e Amar", da Editora Fonte de Papel, 2017.
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