PEDIDOS, QUERERES, EXIGÊNCIAS

Eu te peço silêncio,

não porque desgoste

de sua voz roufenha

e deliciosamente gaguejante.

Eu quero seu silêncio

porque gosto de apreciar o som

limpo, sedutor e agradável

de suas palavras não ditas,

das suas ideias a passear

nos labirínticos caminhos do meu ser,

alcançando algum ponto que desconheço

excitando-me, apaixonando-me ainda mais.

Eu te exijo silêncio porque

necessito falar, às vezes

expor meus sentimentos,

desnudar-me para você.

Mas há momentos em que eu peço

(exijo) que rompa seu silêncio:

grite, xingue, fale-me despudoradamente

exponha-se, sussurre-me deleites

e me dê o infinito prazer

de vê-la – senti-la – toda minha:

mãos, pernas, bocas entrelaçadas

numa cumplicidade ideal, orgiástica

onde o silêncio rompido minutos antes

(necessária e natural ruptura),

cede espaço aos nossos ruidosos afagos,

à nossa ofegante respiração.

Descansaremos, então, calados:

suores e gozos secando nos lençóis

enquanto, lenta e prazenteiramente,

retornamos à tranquilidade silenciosa.

*Publicado no livro "Poemar e Amar", da Editora Fonte de Papel, 2017.

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Raphael Cerqueira Silva
Enviado por Raphael Cerqueira Silva em 14/04/2017
Código do texto: T5971007
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