HÁ UMA VÍRGULA ENTRE NÓS

Entre nós há uma vírgula

que nos separa e nos deixa sem sentidos.

O que sinto por você é desejo e gula

de comer o que você trás dentro do vestido.

Porém uma estúpida vírgula nos separa...

Tenho muito amor pra dar,

enquanto você na esquina fica parada

sem saber à hora de atravessar.

O transito me faz perder a calma.

Já não sei pra onde devo ir.

Se fico se vou ou não.

Enquanto minh'alma

não sabe se chora ou se ri

dessa minha desilusão.

Pois entre nós há uma vírgula

que nos separa.

Ou será que nos ampara?

Você sente algo por mim?

Você seria capaz de pular

do vigésimo quarto andar

só para ficar pertinho de mim?

E quando mais tarde o sol se por

e a noite vier nos cobrir com seu negror,

você me faça um grande favor.

Me chama de amor.

Ponha-me debaixo de um de seus braços,

deixa me medir sua febre

ou sufoque-me com seu abraço

e me faça acreditar que existo.

Tire de nosso texto esta vírgula maldita

que há entre nós dois.

Vamos fazer uma nova escrita.

Um novo texto sem vírgulas ou ponto.

Vamos combinar um novo encontro.

Vamos sair, brincar como crianças.

Esquecer de que entre nós,

havia uma vírgula, que muito nos separou

e muito nos fez sofrer distante um do outro.

Pois só assim é que poderemos ser feliz.

Nova Serrana (MG), 21 de março de 2010.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 14/04/2017
Reeditado em 07/02/2020
Código do texto: T5970928
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