Valsa Insólita

Entrei pelo salão,

Agarrei tua cintura e deslizei com teu corpo em minhas mãos,

Não tinha pé, não tinha piso, não tinha chão,

Tinha nuvens, como se fossem gotas de verão

em um inverno de ilusão,

Rodei......rodei.....

Valsei contigo em meus braços

Contornei tua carne sem nenhum embaraço

Queria aproveitá-la antes de me ser tomada,

Queria tirar cada momento de minha amada,

Queria ser parte de ti, partilhar tua calma

Ter os mesmos movimentos de tu’ alma,

Rodei........ rodei.....

Valsei ainda mais,

A valsa das desvalidas almas abandonadas,

sofridas pelo desencanto de seus amores,

joguei fora meus credos e temores

valsei sonhos perdidos de anos,

de coração com muitos danos,

Rodei,..rodei........

Senti teu corpo, senti tua palpitação,

mirei teus olhos, olhos fartos de sedução, .........

tinha medo de perdê-la em um próximo passo,

não podia me render ao cansaço,

suava..., valsava..., rodava....,

jurava que te amava,

perdia-me cada vez mais ao som da abstrata música que tocava.

QUE TOCAVA?.................

Não,........ era sonho, tudo sumia,

agora pouco ouvia, meus pés eu já sentia,

o grande salão, em quarto vazio se transformou,

uma enorme ilusão, foi o que ficou,

da valsa nada sobrou,

O tédio da madrugada, ...me enganou

O sono em sonhos meus desejos se fez,

não realidade, mas em uma sonífera embriaguez.

Voltei ao meu mundo, sem graça, sem valsa, sem você.

Contorço em meu leito, busco meu sono antigo

para ver se te acho e pedir para meu sonho amigo

deixar –me contigo...........

valsar, ...só mais uma vez