UMA BUSCA OFUSCANTE - POR TI

UMA BUSCA OFUSCANTE - POR TI

Não pense que passas ao nada,
por mim, despercebida.
Tua vaidade é fantasia.
E nela procuro o meu carnaval.
Tua mentira pra mim é verdade.
E nela me apoio, ao infinito do meu dilema.
Se tentas me enganar ou se esconder,
perdes seu tempo...
Eu mesmo já me engano,
na insuficiência do meu esconderijo;
e em poesias eu me escorreito,
divirjo e corrijo, 
mesmo que meio imperfeito,
em te venerar (e nem sempre eu sei o porquê),
em ti me espelhar (e nem sempre eu quero entender).

É que tuas glórias e juras são simétricas à minha idoneidade.
Quando as vejo, bocejo, e rio...
Sinto-me assim, sedento,
como um novilho a sugar suas tetas,
que me alimentam e nutrem.
Inda que não seja do teu amor.

Que pena viver a contrariedade. 
Onde o meu querer batalha contra a sua vontade.
Esta só me dá troco em moedas pequenas, 
de pouco valor, 
e falsas...

Mas por essa questão,
que aos poucos me ofusca,
mas não me assusta,
rogo santas pragas em prol da sua discreta enfermidade,
- e desejo melhoras -
lançando talcos perfumados em volta,
porque sei... que nas idas da vida,
por retas e esquinas, 
sei que há voltas,
que exasperam à meu favor,
o triunfo dessa louca e inconsequente busca.

(fim)

 
Poema subsequente e sublinar:

... poderia eu até dizer que te amo. 
Seria fácil demais esse declamo.
Mas isso não digo, jamais. 
Não porque eu não quero, 
ou qu'eu não seja capaz;
Mas é porque ao meu bom grado,  
não entendo o seu sincero significado...