PARA MIM?
Ao lado do laço
um bilhete carinhoso.
Para mim?
(indaguei como se houvesse ali
outra com o mesmo nome).
Na curiosa ansiedade
abri o singelo cartão de filetes dourados.
"Para a mulher que amo,
neste dia qualquer
que somente é especial
porque ela existe".
Quem haveria de ser o anônimo admirador?
Ousado e galante...
Claro que, ainda ofegante,
desfiz o buquê
e arranjei as rosas
num lindo vaso craquelê.
Fitei-as, emocionada,
preocupada
em descobrir o remetente.
Algum pretendente?
Nas últimas semanas
havia conhecido muita gente.
Alguém diferente?
Resolvi acalmar o coração em festa.
Quem sabe, mais tarde
ainda me faria seresta!
O relógio andou
devagar demais para o meu gosto.
Dia feio
naquela tarde de agosto.
O sol encolhido
de qualquer vestígio despido
não colaborava...
Se não fosse pelas rosas
talvez eu até me sentisse acinzentada,
mas quem é que não se aqueceria
com uma carinhosa "cantada"?
Caprichei no jantar.
Havia algo a se comemorar.
O toque da campainha
trouxe-me emoção diferente.
Ajeito os cabelos e abro a porta.
Recebo meu filho todo sorridente:
- Mamãe! Gostou do presente?
SP, 04/10/2005
12:20 horas
cmacanton@terra.com.br
www.paginapoeticadecleidecanton.com