OLHOS NOTURNOS
Na primeira vez que vieste,
Trouxeste só a roupa do corpo,
um tênis velho da Nike,
um roupão muito felpudo,
um casaco de veludo,
do tempo da faculdade,
uma estátua de São Jorge,
pra pôr no criado mudo.
Trouxeste a mochila usada,
do serviço militar,
um par de gastos coturnos,
e os teus olhos noturnos,
pelos quais me apaixonei.
Trouxeste um cantil de água,
dentro de ti uma mágoa,
que até hoje ainda não sei,
se era de algum amor,
ou de outra coisa errada,
que aconteceu na tua vida.
Ficaste bem pouco tempo,
um dia tu foste embora,
do jeito que havia chegado.
Não deixou nenhum legado,
só uma almofada velha,
com a marca da tua cabeça,
prometendo não me esqueça,
que em breve em voltarei.
Eu fiquei na mesma casa,
eu não mudei de endereço,
e ainda não botei preço,
se tu quiseres voltar.
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