Mar discreto
Não saí de ti incólume,
Deixei um pouco da vida,
Levei as marcas no abdome
E um beijo de despedida.
Na mesma pedra eu me sento,
Pois podes voltar numa onda,
Aparecer um momento,
Antes que o mar me responda
Se tu me esqueceste ou me amas.
Porém o mar é discreto,
Não se queima nessas chamas,
Não fala nem por decreto.
O mar, às vezes silente,
Nem sequer ouvir ele ouve
A voz de um homem carente,
Que sofre o amor que já houve.
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N. do A. – Na ilustração, aspecto do mar em Caiobá, uma praia do Município de Matinhos, Paraná, em foto do autor.