Perfume
O frasco estala-se, quebra-se,
e o perfume derrama-se no lençol em nossa queda na seda, na sede...
Nasce ''d'água'' quente de tua boca o que aquece-me a alma n'uma iniciação
Da ''virgindade'':
Sou latina, tenho sangue quente, fervente... Sente?
Ele não mente!
Tente.
Desde que te vi, para um solo quase infértil, guardei a semente
Com sentidos aguçados,
coração desvairado, jeito meio de mato, desarrumado, depravado e delicado; assim sou se te imagino ao meu lado
Nas costas cravam-se unhas,
saudades, beleza e macies;
no abraçar,
Suavidade no louco querer de saciar
o que se está a esperar
Reciprocidade:
Em passos lentos a leitura das pupilas tece os beijos e não disfarça o meu espírito ao teu atado em novelos brancos
No momento fantástico onde
fendas se abrem e rochas se quebram, abrem-se passagens pro norte e pro sul; céu para o céu
Peles aveludadas suam
N'uma febre antiga,
Gozo e empoderamento de momentos; vibrações e arrebatamentos,
quase uma dor que dói um prazer sublime que reflete no outro
Nas horas em que o sol se deita, levantam-se pombos na revoada e tudo é paz parecendo presente às mãos audaz
Quatro mãos
Ousam efeitos mil
A arte nos dedos que deslizam
nas cordas da rede pelas minhas
e tuas paredes...
No calor, a sede que ressuscita
Os sussurros cara a cara
nos acomete às loucuras
E o gosto de mel nos faz calar
Ambos desenhados em seus estados, nos seus tantos de encantos
No teu peito descanso do desejo saciado.
E acordo morrendo de luz ao teu lado.