Nem mais belo parecer
Nem mais belo parecer
Nem mais forte me encantar
Conseguiu já Deus fazer
Ou o acaso realizar.
Nem mais doce, lindo, pé
Nem mais doce, linda, mão,
És divina, ó mulher,
O teu corpo e coração.
Nem as pernas, nem os braços,
Nem joelhos, cotovelos
Foram já tão bem criados
Nesse grande mundo inteiro.
Vejo os ombros, vejo as ancas,
Tuas costas e cintura;
Mesmo que haja outras tantas
Tu és a única escultura.
Nem pescoço mais macio,
Oh, nem pomo mais ardente
O planeta já exibiu
Em humana, real, gente.
Em teu queixo, eu me estremeço,
Nas bochechas, tu me tentas,
Em teus lábios eu me perco,
Com a língua, me arrebentas.
Tuas ventas delicadas
Sugam ar, e sobrevivo;
Todas vidas são sagradas,
Mas da tua é que preciso.
Eu viajo em teus cabelos,
São fartura de ternura;
Graciosos como os ventos,
Lindos, cúrveos, como a lua.
Mas aquilo que mais faz
O teu corpo fascinar-me
É aquilo que mais traz
A tua alma a revelar-se:
Delicado mais que flores,
Bem abaixo dos sobrolhos,
É sensível como amores:
O brilhar de teus dois olhos...
1/4/2017