A MENINA E A JANELA

Entre a menina

e a janela

existem despedidas.

Lá fora

as folhas caindo

ganham a companhia

da chuva,

de repente,

as brumas esconderam

o horizonte

plagiando Avalon,

sopra um ventinho gelado,

é música

para as árvores praticarem

uma bacanal de respingos.

Os pássaros

deixaram a tarde

em silêncio,

para que a menina

ouça o gotejar

da chuva

no telhado,

seus pensamentos

só sossegam

quando são hipnotizados

pela saudade.

Às vezes,

o distante

rouba seu olhar

da chuva,

mas não consegue

roubar seu brilho,

um faiscar radiante

que tornou impossível

não me apaixonar.

Seus cabelos negros

como as asas

da graúna,

ainda estão molhados

pelo banho quente,

que vontade de ser

toda aquela espuma

brincando safadamente

pelo seu corpo,

uma xícara

de café fumegante

esquenta suas mãos

e beija seus lábios.

Lá fora

é a natureza,

olhando pela janela

é a menina

que se despede

do verão.